o que devíamos ter feito
O ambiente narrativo desencadeado por Whisner Fraga transmuta-se num caleidoscópio de sutilezas estilísticas, em que muitas vezes prescinde da linearidade ou da coerência das histórias (pois onde há caos não há estabilidade formal, mas ruptura), e toma as rédeas uma entidade que subverte toda a ordem estabelecida e anacrônica, que é a primazia de uma linguagem peculiaríssima e sofisticada.
Ronaldo Cagiano
Se preciso fosse definir O que devíamos ter feito (Patuá, 2020), de Whisner Fraga, não restaria dúvidas em afirmar que a sua mais recente obra é impecável, sobretudo no que diz respeito à linguagem, tanto pela precisão da escrita, do lirismo das frases e condução narrativa, quanto pelo arsenal retórico e desenvolvimento dos temas. Ao utilizar a dúvida e a hipótese, o jogo entre o factível das coisas e o especulativo, quer seja como o mote principal dos seus contos ou como ferramenta argumentativa, Whisner não apenas apreende de frase em frase a atenção do leitor, como também o insere num estado interpelativo sobre aquilo que se lê e o que nos afeta, isto é, nossa condição humana e o mundo em que estamos inseridos.
Nélio Silzantov | Ágora Literária
"Em alguns contos (ao longo do livro encontramos a recorrência da presença de uma personagem – Helena, que funciona como a interlocutora que canaliza certos fluxos de consciência), percebemos que o narrador traduz perfeitamente esta falta de profundidade de nossa cultura da imagem, do supérfluo, do hedonismo, e do simulacro. O consequente enfraquecimento da historicidade tanto em nossas relações com a história pública – ver o conto “jardins” –, quanto em nossas novas formas de temporalidade privada, cuja estrutura esquizofrênica acaba mesmo por determinar novos tipos de sintaxe e de relação sintagmática na estrutura narrativa."
Krishnamurti Góes dos Anjos
"O mais recente livro de Whisner Fraga marca o seu retorno às narrativas curtas – depois do romance O privilégio dos mortos – com uma antologia de contos que demonstra o amadurecimento de uma técnica refinada e original, tanto na forma quanto no conteúdo dos textos, construídos com base em uma prosa poética e reflexões instigantes dos personagens ao serem confrontados com os impasses existenciais, morais e políticos da atualidade, fazendo pensar em nossas próprias escolhas ao longo da vida, principalmente se considerarmos o título como um questionamento, ainda que possa ser interpretado também como afirmação. Contudo, em ambos os casos, a sensação é de um amargo arrependimento."
Alexandre Kovacs | Mundo de K
"O escritor mineiro Whisner Fraga mantém um canal no YouTube no qual resenha lançamentos de literatura brasileira contemporânea. Talvez por esse exercício cotidiano da crítica ele esteja tão sintonizado com a atualidade, o que fica claro nos 14 contos que compõem a coletânea O Que Devíamos Ter Feito.
"O que devíamos ter feito" no cardápio da 71ª edição do Podcast Página Cinco, de Rodrigo Casarin.
A partir de 45:32
"Whisner Fraga – Patuá – Quantas vezes ao repassarmos nossos dias, tal qual fita cinematográfica, notamos o que fizemos de certo, errado, ou o que deveríamos ter feito. O mineiro autor muitas vezes laureado, criou um diálogo com uma personagem – Helena – que o acompanha em ações , palavras e feitos em todo transcorrer da obra. Contos ácidos, alguns escatológicos, levemente lastreados nesse pandêmico momento. "
Ralph Peter | Livros em Revista
Jornal Empresas & Negócios
"Longe, porém, de levantar bandeiras políticas de forma panfletária, os personagens de Whisner Fraga lançam um olhar empático ao mundo de insuficiências e misérias, além de dialogarem com questões relevantes como a morte, não apenas a morte física, mas também as cotidianas mortes, abandonos, perdas, fragmentações, tudo construído numa linguagem densa e poética, numa dimensão humana e afetiva extraordinária."
Maurilia Arnaud | Escritora
"É muito interessante notar que o novo livro de contos do escritor e crítico literário, Whisner Fraga, O que devíamos ter feito, editora Patuá, inicie sua coletânea, exatamente, com um conto potencial de devires narrativos. Pois a partir dele, vamos ter uma espécie de interlocutor ouvinte, uma atenta analista que não sabemos se é uma personagem que interfere no enredo, ou uma atenta escuta do narrador."
Fernando Andrade | Jornalista e crítico de literatura.
Literatura & Fechadura
"O autor, na maioria das narrativas, conversa (se confessa?) com Helena, uma interlocutora silenciosa. Saí da leitura com uma pergunta que me martelou a cabeça: “E se...?” Essa pergunta atravessa o leitor como uma lança pontiaguda desde o primeiro texto, justamente o que dá título ao livro: e se não tivéssemos feito o que fizemos, haveria possibilidade de mudarmos o final?"
Mário Baggio | Escritor e dono do Blog Homem de palavra